Melhor que chocolate

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

por Lívia Pereira

Estagiária há um ano e meio do Bairro-Escola, Patrícia Endringer começou sua relação com a Escola Municipal Monteiro Lobato assustando-se com o número de alunos em sua turma. Mas logo percebeu que os professores têm métodos interessantes e anticonvencionais para resolver os problemas de comportamento que surgem. Um dos que mais chamou sua atenção foi “método do chocolate”. “Um professor lecionando para uma turma que fazia muita algazarra ofereceu chocolate para que os alunos ficassem quietos’, lembra ela, que não aderiu à ideia com receio de estourar seu orçamento.


Também foi no início dessa experiência que ela percebeu o que na sua opinião é um dos maiores problemas enfrentados pelas crianças (e por extensão para ela) era a interpretação de textos, que leva a quedas vertiginosas no rendimento de qualquer turma. Iniciou então práticas de ensino subjetivas que trouxeram mudanças significativas em seus níveis de interpretação textual (literária e de mundo). “A interpretação de músicas como “Que país é esse?” permitiu que a turma refletisse sobre “sujeira em favelas” e “sujeira no senado” como coisas tão iguais na escrita e tão diferentes no significado”, conta a estagiária.

Outro truque que Patrícia Endringer sacou da cartola para melhorar as notas em ILPT (Incentivo a Leitura e Produção Textual) foi a criação de histórias em quadrinhos. “Usei-as para mostrar as diferenças entre a linguagem escrita e a oral para as crianças”, conta a estagiária, que se orgulha dos depoimentos em que as crianças subiram de R(regular) para B(bom).

Ela teve que enfrentar muitos leões para obter esses resultados da turma. Mas sua maior medalha é Jeferson, um garoto de 16 anos que no passado liderava a turma do zaralho e hoje é o melhor aluno da turma. “Hoje ele faz questão de estar no projeto, nem gosta de faltar...”. Além disso, ele participa da banda da escola e pede pra dar aula no lugar de Patrícia.

Outra vitória pessoal da estagiária é o de Luana, cuja dificuldade de leitura e escrita a levava a se rebelar nas horas que Patrícia lhe pedia para ler um texto em voz alta. “Atualmente, mesmo com seus obstáculos a vencer, ela já lê frente à turma, pois desenvolveu a cada aula uma postura de quem esta disposta a mudar”, comemora.

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