Salve cultural

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

por Dariana Nogueira


Amanhã (08) é o último dia da temporada do brasuca Salve Geral - o Dia em que São Paulo Parou, do diretor Sérgio Rezende (o mesmo de Zuzu Angel) no cinema do Top Shopping, em Nova Iguaçu. O filme, que estreou no último dia 02, foi o indicado brasileiro para concorrer ao Oscar na categoria filme de língua estrangeira, vencendo outros nove fortes candidatos, dentre eles, o lendário Besouro (de João Daniel Tikhomiroff), Jean Charles (de Henrique Goldman, protagonizado por Selton Melo), A Festa da Menina Morta (do estreante Matheus Nachtergaele) e o drama Se Nada Mais Der Certo (de José Eduardo Belmonte). Os filmes estrangeiros indicados oficialmente à 82ª edição do Oscar serão anunciados em 2 de fevereiro de 2010.

Salve geral tem como pano de fundo os episódios caóticos orquestrados pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), ocorridos em São Paulo no fim de semana do Dia das Mães de 2006, que chocaram o país inteiro. O filme conta a história da professora de piano Lúcia (Andrea Beltrão) que, após a morte do marido, recebendo uma herança de dívidas apenas, vê o filho único de 17 anos preso, passando a conviver com um mundo do qual nada sabia.

Um misto de realidade e ficção envolve o espectador, já que, embora o contexto do filme tenha sido baseado numa realidade vivida por São Paulo há 3 anos, os protagonistas da história são fictícios.

O trabalho recebeu inúmeras críticas por colocar novamente em evidência a criminalidade nacional, sendo comparado aos grandes nomes do gênero, como Carandiru, Tropa de Elite e Cidade de Deus. Sendo até referenciado a este último como “a resposta carioca aos paulistas”, já que Cidade de Deus foi um filme sobre o Rio feito por um paulistano, e em Salve Geral acontece exatamente o contrário.


Contudo, o filme merece atenção especial. Ainda que com alguns erros, Salve Geral é um filme nacional raro nos dias de hoje. Rezende trata de um tema tão delicado tomando os cuidados devidos. Procurando não pender para nenhum lado, ele evita fazer referências diretas à realidade. O PCC é chamado de "partido" e nenhum líder da facção teve nomes citados, mas todos eles, de certa forma, são uma junção dos que já passaram pela liderança da organização e isto acontece com todos os personagens, que ainda que irreais, são verossímeis.

A maior parte dos atores do filme saiu dos teatros de São Paulo, fugindo dos rostos batidos da televisão. Além disso, o filme possui um final bastante imprevisível, acrescentando mais um diferencial à obra. É um filme brasileiro, feito por brasileiros e bom seria, acima de tudo, independentemente da estatueta dourada, se fosse visto pelos brasileiros.

Horários das sessões no Top Shopping: 14h, 16h30, 19h10 e 21h30h, lembrando que às quartas feiras as sessões são promocionais durante todo o dia.

Repensando o teatro

por Carine Caitano No penúltimo dia do EncontrArte, o Espaço Cultural Sylvio Monteiro, em Nova Iguaçu, foi palco de um debate sobre teatro infantil. A conversa, capitaneada pelo Secretário de Cultura do município, Marcus Vinícius Faustini, provocou um turbilhão de emoções no público que acompanhava a uma discussão que oscilou do preconceito à meia entrada, passando pelo modo de produção e pela essência teatral. Com falas emocionadas e reivindicativas – o que mostra a vontade de mudanças naqueles que consomem teatro - o evento causou agitação na plateia, mas isso tudo bem conduzido pela mediadora da noite e representante do Ministério da Cultura, Minc, Lucia pardo. Levantando questões sobre o que causou a saída de cena dos jovens dos assentos do teatro, Antonio Carlos Barnardes, representante do CBTIJ - Centro Brasileiro Teatral para a Infância e Juventude – acredita que as novas tecnologias podem ter contribuído para que o interesse da nova geração pela cultura teatral diminuísse. "Hoje, em virtude da tv, controle remoto e games, muitas crianças não têm mais paciência para assistir espetáculos". Lúcia Coelho, escritora, diretora e atriz, trabalha com teatro há 40 anos e já atuou em mais de 50 espetáculos. Com tantas histórias para contar, falou para todos que estavam presentes, em tom de confissão, sobre sua primeira contação de histórias. Foi nela que, segundo Lúcia, brotou o desejo de interpretar, despertar gargalhadas ou choro, causados por emoções verdadeiras. Hoje, a artista está construindo a peça 'O milagre do santinho desconfiado' sobre abolição da escravatura e declara publicamente: "Eu faço teatro para ser feliz. É minha saída pra enfrentar as diferenças. Se eu ganhar dinheiro, bem. Se não ganhar, bem também. Já paguei muito para conseguir realizar minhas obras”, enfatiza a múltipla artista. O secretário de cultura de Nova Iguaçu, que, antes de assumir o cargo, trabalhava com grupos teatrais, acredita que o teatro é um caminho para a formação e transformação da sociedade. Em seu discurso durante o encontro, falou da não valoriozação do artista que se envolve com teatro infantil e que é preciso mudanças na maneira como o teatro voltado para esse público é produzida hoje em dia. “Devemos levar o teatro para a igreja, para a escola. Aproximar esse mundo do mundo deles. O moleque tem dificuldade para falar na escola. Não sabe falar Hamlet, mas quando sobe no palco fala Claudinho e Bucheha e funciona” explica o secretario. Ribamar Ribeiro, diretor de peças como “Meu nome é M”, apresentada durante o EncontrArte, fala da mudança que o contato da criança com a arte pode ter na vida dela. "A gente pode se tornar o ponto de virada de alguém."

Misturando linguagens

por Josy Antunes


Dentre as 59 pessoas presentes na pré-conferência de cultura realizada ontem, na Escola Livre de Cinema, em Miguel Couto, Lino Roca foi um dos que tiveram participação efetiva nos debates instituídos. Morador de Nova Iguaçu, o diretor teatral e produtor cultural está na militância pela cultura na cidade há 18 anos.
Atualmente faz a assessoria do Secretário de Cultura e Turismo - Marcus Vinícius Faustini – e integra o “Baixada em cena”, que reúne 9 companhias de teatro, representantes de 7 cidades. Dessa parceria surgiu o “Cabaret Cultural”, que realiza hoje sua segunda edição, com início em instantes, às 19 horas, no Espaço Cultural Sylvio Monteiro.

O evento abre uma série de apresentações dos grupos integrantes, que acontecem até o dia 16 de outubro. Mais detalhes podem ser obtidos na entrevista com Lino:

Salve geral

por Julliane Mello


O produtor cultural Marcelo Borgh participou ativamente do Encontrarte 2009 e, como não poderia deixar de ser, foi homenageado na festa de encerramento do festival. Ele foi chamado ao palco por uma cigana, que lia suas realizações profissionais nas cartas deitadas na mesa. O produtor cultural falou do seu árduo trabalho em Nova Iguaçu em particular e na Baixada Fluminense em geral, uma batalha que ele considera de todos os artistas e produtores culturais da região. “Viva a arte na Baixada, viva o Encontrarte. Salve a todos nós.”

 
 
 
 
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