Vida mansa

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

por Edson Borges Vicente


Jéferson Marinho dos Santos, 18 anos, conheceu o CISANE do KM 32 por intermédio de seu irmão Jenison Marinho dos Santos, 15 anos, que fazia parte das oficinas de capoeira e de percussão. Foi mais do que um amor à primeira vista. Como muitos jovens de Jardim Paraíso, ele usou as atividades oferecidas pela ong para romper com um histórico de ociosidade. “Tinha muitos jovens que ficavam na rua, sem fazer nada” afirma ele.


Para Jéferson, as atividades culturais que pratica vão além da dimensão simbólica. “A capoeira é uma atividade física, faz bem à saúde e ajuda também na disciplina”, explica.

Já com percussão ele foi mais longe. Juntamente com o irmão e todo o grupo, ele conheceu os estúdios da Rede Globo durante as gravações de Malhação. Conheceu artistas e fez o que sabe bem: tocar. Foi uma experiência maravilhosa para ele. “Chegamos e ficamos na maior vida mansa, só comendo e vendo televisão. Tiramos fotos com artistas e tocamos na gravação”, conta Jeferson.

Maezona do KM 32

por Edson Borges Vicente


Andreia Cristina da Silva, 39 anos, é um dos mais importantes sujeitos culturais no KM 32. Moradora do Jardim Paraíso, ela diz se orgulhar de ter participado do processo de implantação do CISANE no bairro e de ver os jovens de sua comunidade transformarem suas vidas através da cultura. “Melhorou a autoestima, desenvoltura e evolução enquanto ser humano”, afirma Andreia.

Um desses jovens é sua filha Michele Cristina da Silva Barbosa, 18 anos, que colabora na gestão do espaço desde sua fundação, em dezembro de 2008. Orgulhosa do trabalho de sua princesa, a mãezona do KM 32 destaca que ela somente dá o apoio necessário, mas quem mete a mão na massa é a menina. “Busco levar ao conhecimento da comunidade os projetos daqui e trazer pra dentro o que se passa lá fora”, explica.

Juventude vai ao paraíso

por Fernanda Bastos da Silva e fotos por Edson Borges Vicente


A juventude invadiu o escritório do CISANE no Jardim Paraíso na noite da última segunda-feira para fazer da VI Pré-conferência Municipal de Cultura a mais irreverente do processo de preparação para a Conferência Municipal de Cultura, no próximo fim de semana, no Espaço Cultural Sylvio Monteiro.


O debate, moderado pela antropóloga paulista Marcella Camargo, começou por volta das 19h30. A também secretária adjunta da SEMCTUR saiu impressionada do encontro, no seu entender o mais rico de todos que presenciou nesses últimos quinze dias. Além da presença dos jovens, duas coisas chamaram a atenção da antropóloga. “Não há nenhum acessório cultural no bairro e os jovens promovem todas as suas ações culturais na rua”, diz Marcella Camargo.

Marcella Camargo abriu os trabalhos do dia falando das ações culturais do governo Lindberg Farias, como a escola de pesquisa e a escola de comunicação. Em seguida, passou a palavra para o poeta iguaçuano Jorge Cardozo, que também é presidente do Conselho Municipal de Cultura da cidade. “O governo não vai fazer ação social”, esclareceu Cardozo. “Queremos apoiar as ações sociais promovidas pela comunidade”.

Cultura da mudança

por Raphael Teixeira


O secretário de Cultura e Turismo de Nova Iguaçu, o escritor e cineasta Marcus Vinicius Faustini, participou do lançamento da Frente Parlamentar para a Reforma da Cultura, presidida pelo deputado Alessandro Molon (PT), na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, que luta pelo aumento de verbas destinadas à cultura. A primeira reunião aconteceu na terça-feira da última semana, na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ). Seu principal objetivo é garantir que 1,5% da receita estadual seja destinada à cultura.

Em um discurso inflamado, Faustini ressaltou a importância da cultura ser vista como processo e não apenas como espetáculo. “Não podemos pensar que o espetáculo final é todo o objetivo da cultura. Na cultura onde o processo se dá de forma integral é possível de fato transformar a vida das pessoas. Queremos com cultura mobilizar um bairro, uma comunidade, a cidade inteira”, enfatizou, explicando que o processo de transformar a pessoa através da cultura é mais valioso que colocá-la em um papel principal de uma peça teatral, por exemplo. “O processo é capaz de mudar a vida das pessoas. O espetáculo é pontual”.

Instrumento da democracia

por Mayara Freire e Raphael Teixeira


O teatro do Espaço Cultural Sylvio Monteiro foi pequeno para os agentes culturais que participaram da Pré-Conferência de Cultura do Centro, no último sábado. Além dos representantes da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e do Conselho Municipal de Cultura, que estão conduzindo o processo, deram o ar de sua graça os participantes dos projetos contemplados com os três editais da cidade, que ia de funkeiros a produtores do Encontrarte, passando por promotores de festas caipiras e grupos defensores dos direitos homossexuais.

A abertura dos trabalhos ficou com o secretário adjunto Écio Salles, que destacou a importância da conferência e das políticas públicas municipais que investem na diversidade cultural de Nova Iguaçu. “Queremos superar os preconceitos do que é cultura. Contamos com a ajuda de todos para que possamos conseguir construir um cenário honroso na cidade”, disse.

O secretário adjunto usou o processo de construção das quadrilhas da festa de São João para explicar o democrático processo cultural instaurado na cidade desde a posse do escritor e cineasta Marcus Vinicius Faustini na SEMCTUR. “A quadrilha não é só em junho”, explicou. “É um processo que envolve o cotidiano e a comunidade. Por isso, se cada bairro da cidade puder ter sua participação, poderemos promover discussões, misturas e evidenciar diferentes manifestações culturais.”

 
 
 
 
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