O segredo do quartinho

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

por Larissa Leotério



Para a maioria da população brasileira, cristã, o candomblé é uma  religião muito cheia de histórias, de pessoas que procuram fazer mal  às outras. As galinhas pretas de encruzilhada, junto à farofa esquisita, num daqueles enormes recipientes de barro são sempre muito  presentes nos longos discursos contra o candomblé.

Acontece que o culto aos orixás é muito fechado. Alguns rituais são  muito “secretos”. E que não trazem boas energias aos que olham. E  sobre os quais é possível ver, recomenda-se não contar. Essa política de cada coisa ao seu tempo, no local e momento devido acaba por mistificar a religião.

Ainda que essa não seja a intenção, é pouco provável que os não-candomblecistas saibam sobre a religião e que não tem só galinha preta na encruzilhada. Para reduzir os inúmeros mistérios é que alguns praticantes do candomblé têm lançado livros e as tão criticadas apostilas.

As apostilas para divulgar essa cultura são tão criticadas e causam  tantos problemas exatamente pela própria cultura: quem quer saber como funciona o candomblé, precisa frequentar as casas, os axés. Precisam ser iniciados.

Candomblé à francesa

porJefferson Loyola


O candomblé tem raízes milenares e chegou ao Brasil pelas mãos dos escravos vindos da África, trazidos pelos portugueses. Naquela época, o candomblé foi proibido e até 1946 foi considerado crime. Para continuarem cultuando sua religião no Brasil, os escravos tiveram que usar o sincretismo dos orixás (guardião de cada existência humana) com os santos católicos, colocando no mesmo altar Ogum e São Jorge, Oxum e Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora Aparecida, Oxossi e São Sebastião, entre outros.

Durante todo esse tempo, só sabiam dos ritos que ocorriam dentro do Candomblé as pessoas que o freqüentavam, o que acabava gerando inúmeros mitos sobre o que acontecia dentro dele. Os rituais religiosos eram passados de Babalorixás (Pais de Santo) ou Iyalorixás (Mães de Santo) para os filhos que frequentavam o Ilê (casa de santo ou terreiro). Porém, as coisas foram evoluindo e a maneira de se passar tradições religiosas mudaram, coisas que eram passadas apenas oralmente de pai para filho, agora também são passados a partir da escrita e do audiovisual.

Rima entre cor e dor

por Jefferson Loyola


Conhecido como o poeta do povo, o escritor negro Solano Trindade deixou uma grande marca no Brasil, principalmente na cidade paulista de Embu, onde criou um pólo de cultura e tradições afro-americanas. Foi o primeiro artista brasileiro a misturar militância política com a questão racial, declamando em seus versos a realidade do povo, as mazelas de um país onde os afro-descendentes são as maiores vítimas das grandes diferenças sociais. Filho de Francisco Solano Trindade e Emerência Maria de Jesus Trindade, conhecida como Quituteira Merença, ele nasceu em 24 de Julho de 1908, no bairro de São José, no Recife, Pernambuco. Era poeta, pintor, teatrólogo, ator, escritor e folclorista.


Outra importante marca de sua poesia foi o diálogo com a própria história pessoa, que permitiu inclusive que a historiadora Maria do Carmo reconstituísse sua biografia por intermédio de uma atenta leitura de seus poemas. Eis um exemplo marcante dessa característica: “Uma negra me levou a Deus e outra me levou para a macumba”. Em seu primeiro casamento ele se tornou evangélico devido a sua esposa ser presbiteriana, e no seu segundo casamento, como sua poesia diz, sua esposa o levou ao candomblé. Mesmo com passagens nessas religiões, Solano Trindade se declarava ateu.

Poesia negra

por Jefferson Loyola


O cansaço e a felicidade se misturavam no rosto da professora de história Maria do Carmo Gregório na noite da última quinta-feira, enquanto autografava "Solano Trindade: O Poeta das Artes do Povo". "Não esperava que minha dissertação de mestrado do PPHGHIS/UFRJ, concluída 2005, um dia virasse livro", conta ela, que ainda não se acostumou com o número de solicitações para participar em eventos desde que lançou seu primeiro livro. Publicado em uma parceria entre o CEAP e a Petrobrás, a obra vai ser usada como referência para um concurso de redação sobre o autor.


Solano Trindade entrou na vida da professora como uma decorrência natural de sua militância nos movimentos sociais, dos quais participa desde seus 13 anos. “Comecei a militar com movimentos sociais a partir da igreja católica e logo depois, não sei bem o motivo, mas me filiei ao PT e com a igreja juntei movimento social com a política”, lembra.

Professora há 16 anos, Maria do Carmo trabalha em escolas munic

Celeiro de artistas

por Fernando Fonseca


"Nova Iguaçu é um celeiro de artistas, só que muitos vivem no anonimato!" Foi da ânsia de conhecer tal mundo, que encontramos José Rodrigues, autor dessas sábias palavras.


Nascido em Pernambuco, esse morador de Comendador Soares é um exímio artista que luta e vive em prol da literatura de cordel, com cerca de 500 folhetos já publicados ao longo de 50 anos de produção. "Ou você é o que é ou você não é ninguém".

Mais conhecido como Jota Rodrigues, o escritor conta que a literatura de cordel era a única alternativa de entretenimento para o nordestino e que a cada suas características são modificadas. A literatura de cordel está tão associada à vida do nordestino que muitos dos seus autores sequer precisam saber escrever para praticá-la, como é o caso do próprio Jota Rodrigues. "Ninguém dá o que não tem, ninguém é o que não é e ninguém faz o que não pode", filosofa.

 
 
 
 
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