Carnaval sem bolha

segunda-feira, 1 de março de 2010

por Lívia Pereira

Há quem diga que o carnaval de hoje se distancia bastante do que foi no passado. Isso é inegável. Mas o conceito de carnaval permanece atual: a liberdade tão desejada e refreada durante o ano inteiro, vivida com total intensidade nos dias que antecedem a Quaresma. As origens são um tanto obscuras, em celebrações de caráter orgíaco na Antiguidade. Talvez por isso (ou não) muita gente fuja dele inconsciente ou conscientemente.

No Brasil, o carnaval tem presença certa do folclore, do que é popular, enfim, da memória do povo sempre resgatada pelos blocos e escolas de samba.

Ainda assim, muita gente foge da folia e busca o descanso e a paz da natureza e o aconchego do lar. Esse é o exemplo de Natália Carneiro, estudante de Farmácia, 21 anos, moradora de Nova Iguaçu. Ela deu a nós o roteiro de um misto de diversão e paz para os foliões menos chegados ao barulho e ao tumulto.


Sábado: A carne de panela é espetacular pra quem quer fazer a diferença, já que o resto do mundo está muito mais perto dos suculentos churrascos gordurosos e atraentes, dos camarões hipercrocantes, dos fast-foods e todo o resto das guloseimas que você não vai encontrar em casa. Foi esse o primeiro passo de Natália pra mostrar que podia nadar contra a corrente.

Barra
Como se não bastasse, ela nos deu a segunda dica para um sábado tranquilo: “Fomos pra praia da Barra”, ela disse ao namorado. A praia é o ícone da harmonia diante da festa carnavalesca, já que, segundo nossa entrevistada, pra quem vai viajar, o “único” local disponível é a Região dos Lagos. “A praia estava vazia, sem tumulto, sem sujeira e tudo isso porque todo mundo foi pra Cabo Frio”.

À noite, antes de ir pra Intendente Magalhães assistir ao desfile de uma escola de samba desconhecida, o segredo é comer antes de sair. “Fiz cachorro quente na casa do meu namorado pra ele sair de casa com a barriga cheia e não gastar na rua, além disso, pra ele não ingerir óleos cancerígenos. Eu me preocupo com ele pra que não morra antes da hora”.

Domingo: Enquanto o calor humano te aquece nos blocos e os preços abusivos te consomem, nossa entrevistada revela mais uma dica pra quem quer fugir de tudo isso. Apostar numa lanchonete de grelhados com ar condicionado é o caminho, mas não só isso: “A lanchonete em que fomos no domingo fica dentro de um mercado. Enquanto meu namorado fazia o pedido dos sanduíches, eu comprava a bebida no mercado mesmo, porque é mais barato.”

Carnaval virtual
Segunda: O clima de interação está no ar? Você não quer se misturar ao suor e ao ensurdecedor batuque? A opção do dia serve pra todos os bolsos: MSN e Orkut o dia inteiro.

Terça: Almoçar numa rede de supermercados é o que há! “Meu namorado e eu gostamos porque a comida já está pronta.” Após o almoço, pra ninguém dizer que a monotonia tomou conta, fazer trilhas em cachoeiras também dá belas fotos. E quem disse que não dá pra fazer um samba até chegar? O caminho pelas trilhas da Serra dos Órgãos dá inspiração a qualquer um. “O dia inteiro escalamos pedras”, conta Natália. À noite, pra se unir aos bons, mais um desfile na Intendente e lá vem a Unidos da Praça Seca. Eis que chega o sono, afinal, o casal teve dias realmente cansativos.

Fica aqui a dica para o próximo ano. Aqueles que após os calos, bolhas e afonias não clamam por sossego que atirem a primeira pedra.

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