Coisa de macumba

sexta-feira, 12 de março de 2010

por Larissa Leotério


“A capoeira é uma expressão cultural brasileira que mistura luta, dança, cultura popular, música, esporte, artes marciais e talvez até brincadeira. Desenvolvida no Brasil por escravos africanos e seus descendentes, é caracterizada por golpes e movimentos ágeis e complexos”. Essa é definição da arte da capoeira, mas o que o projeto Capoterapaz quer passar vai além.



O projeto Capoterapaz foi criado pelo Mestre Gringo em 2006 para se adequar ao projeto Escola Aberta e logo começou a funcionar em escolas como a Armando Pires. Apesar de já funcionar em sua sede, o projeto sofreu alterações e foi dividido em três momentos: oficina de confecção de instrumentos afros, aulas práticas e apresentações em eventos. É aí que surge também a Federação Cobra, com a coordenação do mestre do Mestre Gringo, o Mestre Butti, da Capoeira Chapéu de Couro.

O objetivo do Capoterapaz é levar a cultura afro para dentro das escolas, valorizando a disciplina e, segundo o próprio Mestre Gringo, “tapando buraco dessa cultura nas escolas”. Ele vai além: se pergunta até quando o artigo V da Constituição Federal não será respeitado e ainda haverá resistência ao afro. Ainda que o projeto esteja se expandindo, inclusive saindo da cidade e indo para Niterói, ele encontra dificuldade em lugares como Mangaratiba, onde a resistência é forte: “Algumas crianças não participam porque os pais dizem que é coisa de macumba”.

Após ter sido evangélico por 14 anos, está há 25 em matriz afro, convivendo bem tanto com sua família evangélica quanto com o tesoureiro do Capoterapaz, cristão protestante. A intenção é a aceitação da cultura, do diferente. Só porque o diferente existe e aprender nunca é demais, conhecimento nunca é demais. E há seis meses alunos das escolas E. M. Profª Iramar da C. Lima Miguel, Profº Márcio Caulino Soares e Enilza B. dos S. Chiconelli têm aprendido isso e a adesão tem sido cada vez maior.

O projeto também abrange envolve educação ambiental porque seus organizadores acreditam que esse é o momento de se apropriar das políticas públicas que têm sido implantadas. “Esse é um governo ímpar por sua ótica cultural. E isso não pode se perder”, avalia Mestre Gringo.

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