Feira de remédios

segunda-feira, 15 de março de 2010

por Marcelle Abreu

A feira de livros existe há 56 anos. Ela fica exposta uma vez por ano, durante um mês,em pelo menos sete lugares diferentes, como Caxias, Campo Grande, Bangu e Cinelândia, muitas vezes em dois ou três lugares na mesma época. A de Nova Iguaçu foi inaugurada esta segunda-feira.

A feira do livro surgiu na Cinelândia, onde muitos editores e autores colocavam seus livros para serem vendidos em bancas feitas de caixote. Até que alguns vereadores resolveram criar um projeto para que esses tivessem onde vender seus livros. Logo após veio a criação de uma lei municipal, que dá direito a fazer essas feiras.

No início, a feira possuía uma estrutura de madeira e telha, mas a prefeitura implicou e eles trocaram para toldo, sendo esse terceirizado. E os estandes onde são colocados os livros pertencem à ABL (Associação Brasileira de Livros).

A maior de todas as feiras é da Cinelândia, com 50 estandes. Vai ser inaugurada no dia 18 de abril, que é o dia de Monteiro Lobato, que em sua época era Patrono da ABL.

Todas elas são coordenadas por César Antônio, que trabalhou em livraria até tomar conhecimento da feira. Começou a frequentá-la e quando viu, já estava completamente envolvido.

César está na coordenação há aproximadamente 20 anos. ”Tenho seis pontes de safena devido ao estresse, mas de peito aberto estou aí, abraçando a leitura”, diz o coordenador.

As feiras são patrocinadas por 100 associados, mas houve uma época em que esse número, incluindo donos de livrarias, editores e distribuidores, chegou a 200 e 300.

São esses associados que colocam seus livros para serem vendidos na feira. Há um sorteio que acontece na sede, que fica na Rua Treze de Maio, no Centro do Rio, para saber quem irá participar.

Para a secretaria de cultura e livrarias locais são reservados alguns estandes.

A feira veio para Nova Iguaçu através de Regina Peixoto, da Prefeitura do Rio,e de um rapaz da rádio Mec, cujo nome César Antônio não lembra mais. "Mas já no segundo ano o projeto passou para a alçada da Secretaria de Cultura de Nova Iguaçu", conta o coordenador.

Segundo o calendário da ABL, a feira que acontece em Nova Iguaçu é a melhor e mais freqüentada. ”O povo daqui é muito carente de leitura, mas muito conhecedor da literatura. É engraçado isso”, diz César Antônio.

Há 2 ou 3 anos, um livro “técnicas de enfermagem” chegou a vender vendeu 4 mil cópias na feira de Nova Iguaçu. "Esse foi o nosso recorde de vendas", afirma o comerciante.

Normalmente a feira em Nova Iguaçu acontece no mês de junho, mas, como esse ano vai ter copa do mundo, resolveram antecipá-la para agora. Ela foi montada no último fim se semana, aproveitando o esvaziamento natural do centro nos fins de semana.

Os maiores frequentadores da feira são jovens, talvez por esses terem mais tempo livre. E os livros mais procurados são livros didáticos,pois esses em livrarias são muito caros e na feira podem ser comprados pela metade do preço ou até mais baratos.

No Brasil, não há uma cultura de livros, não há quem abrace com vontade a leitura e é disso que precisamos. ”O livro é igual outra mercadoria qualquer, se aparece na TV, vira moda e a procura pelo produto é grande”, diz o coordenador.

As feiras existem para dar oportunidades a todos de comprar livros e ficar mais próximos da leitura.

“É como meu pai dizia: 'Leia, mesmo que seja uma bula de remédio, mas leia. Leia sempre. Você sempre aprende alguma coisa””,finaliza o coordenar César Antônio.

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