O diferencial da José Reis

segunda-feira, 29 de março de 2010

por Carine Caitano

São só 15 alunos, mas o barulho que eles fazem nos leva a crer que centenas de pessoas estão na sala. Mas nem toda essa barulheira desmotiva a estudante de Educação Física Clara dos Santos, de 26 anos. Ministrando aulas na Escola Municipal José Reis desde novembro de 2009, a profesora caracteriza o barulho como positivo: "É mais empolgação que bagunça. O esporte disciplina o aluno".

A experiência de Clara em lecionar para crianças e jovens é grande. Há 3 anos participa do projeto social Capoeira nas Praças em Nilópolis, onde mora. Lá, a faixa etária é de 12 anos. Já com os menores convive há quase 2 anos, na creche em que trabalha. Clara faz parte do Pontinho Dom Bosco, com sede em Cabuçu.


Para contar e cantar capoeira, ela mesma leva os instrumentos - berimbau e pandeiro - para ensinar os mais de 70 inscritos. Para atender tantos alunos, ela usa os métodos aprendidos em anos de trabalho e nos diálogos com a Coordenadora Político Pedagógico (CPP). A fim de facilitar o aprendizado, os alunos são divididos em grupos, por idade. O ensino é individual, mas a interação é sempre em roda, com 10 ou mais integrantes. E nada de exigir silêncio absoluto entre um movimento e outro em suas aulas: "Tenho tato, sei lidar com eles. Além de me identificar no trabalho com crianças, permito que eles conversem e deem risadas. É essencial nessa idade", explica.

Passeio na praça
Ana Maria Souza é CPP da escola há 7 anos e já promovia ações diferenciadas no cotidiano das crianças e afirma: "O horário integral do Bairro-Escola só veio somar um trabalho que já fazíamos. Aqui nós temos crianças que consideram ir à praça um passeio. Então, em um meio como esse, aprender é o máximo, ficar na escola aprendendo coisa legal é sensacional".

Luciara Reis é a diretora adjunta e divide seu sobrenome com a escola. Já está lá há 11 anos, tempo suficiente para conhecer a comunidade e os alunos. Muito satisfeita com o desempenho de Clara e, principalmente dos alunos, confessa: "Normalmente os mais agitados se oferecem logo pra qualquer coisa diferente. É um jeito de aparecer, de ter um diferencial. E eles conseguem, isso ajuda até na disciplina em sala de aula"

Um dos alunos, visivelmente agitado e brincalhão, está perto e comenta sobre a entrevista a todo instante. É Rafael Souza, que cursa o sétimo ano. Muito apegado às professoras da escola, trata cada uma como se fosse filho, sobrinho e até neto. "Chamo assim porque eu passo quase mais tempo aqui que em casa. A aula já acabou e eu tô aqui, ajudando, ficando na escola. Se estivesse em casa, só veria televisão, ia jogar... aqui eu fico com minhas mães e tias", brinca.

2 Comentários:

Luciara disse...

Obrigada por comentar nosso trabalho. Tudo que acontece lá é fruto do nosso amor, da trabalho mas é gratificante. Beijos!

Carlos Alberto disse...

Legal... acho que iniciativas como esta deveriam ser divulgadas, apoiadas e dissiminadas.

Postar um comentário

 
 
 
 
Direitos Reservados © Cultura NI