Portinha na cara

terça-feira, 23 de março de 2010

por Tuany Rocha Santos


Sexta à noite, um showzaço pra ir e o bolso vazio. O que um portinha faz? Ele vai!

Nas noitadas de fim de semana, o que mais encontramos são portinhas. Se você não está ligando o nome à pessoa, portinhas são aquelas figuram que não se deixam abater porque seu nome não está na lista ou porque não têm o dinheiro do ingresso. Pelo contrário, conseguem curtir o evento tão intensamente quanto se estivessem lá dentro e ainda com o beneficio de que do lado de fora a cerveja é mais barata.



Os portinhas geralmente são jovens que não suportam passar suas noites livres no sofá. Sempre querem algo pra fazer e novas experiências pra viver. Por isso, saem de casa com pouco dinheiro na carteira em busca de um lugar legal pra ir, e assim só levam em suas mentes a garantia de se divertir ao lado dos amigos independentemente de estarem do lado de dentro ou do lado de fora.

Há várias modalidades de portinhas. Uma delas é o que o estudante Thiago Figueiredo chama de portinhas de plantão, que já saem de casa com a intenção de parar com amigos na porta de um bar ou point. "Curto aqui do lado de fora, afinal, ser portinha não é vergonha alguma, até mesmo porque as melhores diversões acontecem do lado de fora com os demais portinhas", afirma Thiago, de 22 anos.


O também estudante Diego Lucas se autodenomina um portinha insistente, que migra de porta em porta de eventos, tentando de alguma forma conseguir entrar. Esse tipo de portinha tenta tirar proveito da fraqueza moral dos brasileiros. "Quando eu tô com pouca grana, eu tento subornar a segurança", admite o insistente portinha, que antes de se contentar em ouvir o som do lado de fora mesmo ainda tenta pular a grade.

Uma categoria mais abrangente, que engloba todas as outras, é o portinha de grandes eventos. "Esses não perdem a chance de estar presente em shows históricos só porque não tem grana pra entrada", conta Pedro Luís, de 21 anos, que se orgulha de dizer que esteve no show do Iron Maden na Apoteose. O mesmo Pedro dá uma dica para todos os durangos do Rio de Janeiro. "A portinha momento ir pra ponte da Apoteose assistir aos shows de lá."

Nem sempre o portinha é um duro. Pedro Luís lembra de um show recente que não pôde entrar no Circo Voador porque os ingressos já haviam acabado quando chegou à Lapa e o segurança dos fundos não deu mole nem para ele nem para seu companheiro de noitada. Moral da história. "Bem, a gente não entrou, mas escutou o show com uma cerveja de preço honesto", conta o portinha.

O fato é que ser um portinha é ter o talento de tirar alegria das coisas mais simples da vida, até mesmo quando se leva uma porta na cara. "Se não tem outra coisa melhor pra fazer, então chega ai, pega uma cerveja ou um refri e curte o movimento...", sugere Pedro Luis.

2 Comentários:

Hosana Souza disse...

Adorei! Nunca tinha ouvido esse termo: portinha. Parabéns pelo texto e pelo bom humor. Beijos

Anônimo disse...

O blog de cultura tá muito melhor agora com esses textos,legal msm continuem assim!

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