As novidades de Jacubovski

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

por Fernando Fonseca e Joaquim Tavares

Carismática, esforçada, bem-humorada e profissional. Notas que se tomam sobre Bruna Jacubovski, ao conversar com cinco minutos com essa jovem fotógrafa iguaçuana, de 20 anos de idade, qie se iniciou no mundo da fotografia em um curso no SENAC. "Em 2008, ano de decolagem da minha vida profissional, fiz um curso de fotografia profissional na SENAC, mas infelizmente não eu não tinha uma câmera profissional para fotografar", conta ela, que fez todo o curso com uma câmera fotográfia analógica e passou grande parte do curso no laboratório, aprendendo a revelar. Foi daí que surgir sua paixão pelas fotos em preto-e-branco.

Janela sobre um livro

por Hosana Souza

Uma mesa remendada, velhas letrinhas móveis de madeira ou chumbo, uma prensa que talvez Gutenberg tenha usado: cheguei à oficina de José Francisco Borges na cidadezinha de Bezerros, no interior do nordeste do Brasil. Eu vim à sua oficina para convidá-lo a trabalhar comigo. Explico meu projeto: imagens dele, suas artes, sua gravura, e palavras minhas. Ele se cala. Eu falo, explicando e ele, nada. E assim continuamos, até que de repente percebo: minhas palavras não têm música. O não-nascido não se explica, não se entende, se sente, se apalpa quando se move. E então deixo de explicar, e conto. Conto a ele contos, e este livro nasce”, assim Eduardo Galeano inicia seu livro As Palavras Andantes.

As Palavras Andantes é o 31º livro da carreira de Eduardo Galeano, escrito em 1994, e marcou a união do autor uruguaio com o cordelista pernambucano José Francisco Borges, que assina as gravuras do livro. Eduardo é jornalista, historiador e ensaísta, esquerdista esteve no exílio nas décadas de 70 e 80. J. Borges foi ceramista, carpinteiro, pedreiro, pintor de paredes, trabalhador rural e ilustrou cerca de 300 cordéis em 40 anos de carreira.

Da união de um dos maiores cordelistas da atualidade, com um dos maiores pensadores latino-americanos surgiu o livro que aborda temas como a criação do mundo, do tempo, das leis e das palavras. Eduardo Galeano vai contando as histórias e abrindo as janelas sobre a vida, o futuro e os sentimentos. As imagens de J. Borges trazem ao texto ainda mais proximidade com a cultura popular e as histórias que são passadas oralmente por gerações.

Como uma grande brincadeira, composto por pequenas histórias, pensamentos e filosofias, o livro de 316 páginas pode ser lido tranquilamente, não trazendo ao leitor a necessidade de uma leitura continua ou massante, misturando magicamente a vida e os contos pode ser apreciado em qualquer ordem e por qualquer idade, revelando-se com poesia e graça. Com um jogo de palavras exige certa concentração do leitor, é uma prosa cheia de poesia, deliciosa de se ler.

Era da reciclagem

por Wanderson Duke

Estreia : Nine
Nine (Idem) EUA, 09. Direção de Rob Marshall. Roteiro de Michael Tolkin, Anthony Minghella, baseado na peça Nine de Maury Yeston e Arthur Kopitt, baseado no filme Fellini Oito e Meio, de Fellini. Com Daniel Day Lewis, Marion Cotillard, Penélope Cruz, Nicole Kidman, Judi Dench, Kate Hudson, Sophia Loren, Stacy Ferguson (Fergie), Ricky Tognazzi. Produção Weinstein. 118 min.


Estreou na última sexta-feira o aguardado Nine. Fellini Oito e Meio é meu filme do coração, meu e de todo mundo que trabalha de alguma forma com cinema. Não apenas é a obra-prima de um cineasta genial como foi Federico Fellini, como também é o melhor registro da demência que é rodar um filme, a montanha-russa emocional que toma conta de forma avassaladora do autor e o retrato de um artista em crise, quando é incapaz de criar e pensa que não tem mais nada a dizer. Realizado de maneira genial, altamente original e criativa e, principalmente, autobiográfica. Ele foi buscar em si mesmo as raízes e fontes de sua crise pessoal e artística e transformou tudo numa grande festa circense, que termina positivamente com aquela grande dose de humanidade, que só o italiano (e o cinema italiano) era capaz mesmo de passar.

Por isso é fácil entender porque o filme exerce até hoje, quase cinquenta anos depois de sua criação, um inacreditável fascínio em todos os artistas, a ponto de levá-los (mesmo famosos como Allen e Fosse) a realizar paráfrases, coisa nunca vista e sem paralelo referente a uma obra relativamente recente.

 
 
 
 
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