O jantar do clã

sábado, 22 de maio de 2010

por Jefferson Loyola

O Espaço Cultural Sylvio Monteiro sediou sexta-feira, dia 21, mais um dia de apresentação de esquetes. Podemos definir uma esquete teatral como uma peça de teatro com duração menor, sem o glamour de uma peça teatral, normalmente entre 5 a 10 minutos. Realizado pelo Projeto FAMA, o quinto circuito mix de esquetes tem como finalidade incentivar a criação artística teatral aqui em Nova Iguaçu. Às 19 horas, uma hora antes do inicio do evento, o pátio do local já estava bastante movimentado pelo publico que esperava em uma fila para garantir seu lugar no teatro.

Dentre as esquetes apresentadas estava a Cia de Teatro Clã de nós. Fundada há quatro anos, ela vem solidificando seus trabalhos dentre as varias apresentações de esquetes e espetáculos teatrais pelo Brasil. “O jantar”, esquete trazida para o quinto circuito mix, já foi criada em uma outra versão e direção, porém os atores não gostaram e nem chegaram a apresentar. "Deixamos o texto guardado para amadurecer mais a ideia", disse Léo Castro, ator da esquete. A peça é toda trabalhada com teatro físico, construção de formas compreensíveis ao imaginário coletivo, feita através do corpo do ator e que comunique a esse imaginário. O grupo foi formado por uma tríade vinda do grupo Bemvindo Siqueira: Léo Castro, Bruna Campello e Bruno Quaresma.

A Base da teoria é em Meyer Road e também no teatro pobre de Jerzy Grotowski, juntando um universo popular, que é a comédia, e transformando em um grande sucesso. “Pegamos um texto popular de Marcelo evangelista, e com a sua liberação, chamei Léo Castro para fazer a montagem”, contou Bruna Campello, atriz e bailarina. Bruno Quaresma, direção de cenas e atores, junto com Viviane Gaudencio, direção de movimentos e produção, fizeram uma fusão que resultou nessa pequena peça, tendo uma atriz e um ator bailarinos.

Da favela para o mundo

por Hosana Souza / foto Francisco Valdean



“A verdade é que eu só fiz escolha errada na vida, eu sempre fui um cara derrotado, um eterno perdedor. A única coisa que eu fiz e deu certo foi o AfroReggae”, pontua José Junior, fundador e coordenador cultural de uma das principais instituições sociais brasileiras. O AfroReggae foi criado em 1993 para transformar a realidade de jovens moradores de favelas a partir da educação, da arte e da cultura e tem sua história entrelaçada com a de JJ.

Junior nasceu e cresceu no centro do Rio de Janeiro; apanhou do pai, já foi “aviãozinho”, entregou jornal, animou festas infantis e trabalhou como moto boy. “Tudo o que aconteceu na minha vida me fez ser quem eu sou; se eu não passasse por isso talvez hoje eu não estivesse aqui”, diz o homem que já viu muitos de seus amigos se perderem, “Eu penso sempre neles, sei o que poderia ter acontecido comigo. Mas em momento algum, eu fico imaginando o que eles poderiam ter sido. Ao invés de sofrer eu prefiro trabalhar e homenageá-los com isso”.

José Junior conduz sua instituição – que hoje atravessou as fronteiras do Brasil e já tem sede em países como à Inglaterra – com voz pausada, mão pesada e planos firmes. “Faz mais de dez anos que eu não vou à praia ou a uma boate”, exclama o carioca, “O meu lazer, hoje, é passar uma tarde de domingo sentado em frente ao computador trabalhando”, explica.

Cinema brasileiro e biscoito de limão

por Josy Antunes

Você está na Central do Brasil. É uma sexta-feira, o relógio marca 13:00 e você tem R$6 na carteira. Você é um universitário com uma mochila pesada nas costas e se pergunta onde investir seu dinheiro sob as seguintes condições: não é permitido voltar para casa e, ainda assim, sua barriga resmunga pedindo pelo almoço. Então aí você se lembra de uma tal mostra de filmes nacionais oferecida pelo Centro Cultural Banco do Brasil que alguém havia comentado dias antes. Você caminha pela Av. Presidente Vargas em direção a Rua da Alfândega, já pensando naquela tal “Toca dos biscoitos”, uma lojinha que parece uma imitação descarada da conhecida “Casa dos biscoitos”, encontrada em quase toda esquina de Nova Iguaçu. E é lá que você investirá seu primeiro real: um pacote de tortinhas de limão, que te acompanharão no decorrer do dia.

Depois de passear pelas lojas que contém as mais curiosas formas de publicidade de seus produtos, você irá mais adiante, em direção ao CCBB. Lá, você apresentará sua carteirinha de identificação do curso na bilheteria, torcendo para que a moça não a rejeite, já que você não possui nenhum documento que te afirme como matriculado numa universidade. “Ufa”. A moça te entrega um “Cinepasse” e ainda te deseja uma “boa sessão”, enquanto lhe entrega a programação dos filmes. “Clássicos & Raros do Nosso Cinema” é o que está impresso no folheto. E você lança um semi-sorriso com uma mistura de alívio e da expressão “Uau”. Para finalizar o encontro com a moça, ela te diz: “O Cinepasse te dá o direito de acesso a mostra e a videoteca por 30 dias”. E pra isso você só gastou duas notas de R$2 e a moeda mais bonita do nosso sistema monetário: a de R$1.

 
 
 
 
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