História contada nas escolas

terça-feira, 31 de maio de 2011

por Combatentte Xavier

Vinte Cinco de maio vai ser muito recordado,

O ano é 2011, marca lá no calendário.

Ascendência africana muito bem representada,

Eis a história de um povo que vai ser recontada.

Desde o Velho Iguaçu, mil histórias abafadas,

Entuasiasmo sem fim

por Pedro Felipe Araújo

“Você precisa saber de onde vem para poder dizer para onde vai.” Disse um poeta uma vez, cujo nome já não me recordo, mas a frase em sua essência me chamou a atenção. Me fez pensar o quão importante é o nosso passado para nós mesmos e o grau de conhecimento que precisamos ter para que saibamos a fundo quem realmente somos. Confesso ter uma característica filosófica muito menor do que gostaria e por algum tempo esta bonita passagem ficou esquecida em algum canto da minha memória, mas na última quarta-feira, quando presenciei o pontapé inicial do projeto Quilombar, esta frase emergiu imediatamente do esquecimento.

O projeto Quilombar, criado pelo procurador-geral de Nova Iguaçu, o Sr. Augusto Werneck, em parceria com a EDUCAFRO, é um programa de identificação, demarcação e titulação fundiária de terras ocupadas por remanescentes de quilombos. Os quilombos eram os locais de refúgio dos escravos negros brasileiros e representaram uma das mais importantes formas de resistência à escravidão. Localizavam-se em regiões afastadas, embrenhados nas matas, e os núcleos se transformaram em prósperas aldeias, dedicando-se à economia de subsistência e ao comércio.

Grande aventura

por Joyce Pessanha

Toda criança já ouviu contos de fada. Alguns sonhavam em ser Cinderela e ganhar um beijo de um príncipe; outros travarem lutas de espadachim com Capitão Gancho e fizeram-no andar na prancha para ser comido por um crocodilo, como Peter Pan. Para o Príncipe Azul, de O Principe que tudo aprendia nos livros, não foi diferente. Orientado pelos mestres, aprendeu tudo o que era possível aprender nos livros, sobretudo nos contos de fadas.

A aventura começa quando seu pai, o Rei, declara que o filho deverá fazer uma viagem pelo mundo, para que possa conhecer melhor a realidade das coisas. Acompanhado por um mestre e pelo bufão Tonino, o príncipe parte para sua aventura, descobrindo um novo mundo, diferente dos contos mágicos, mas não diferente no final feliz.

Sorriso algemado

por Joaquim Tavares

foi um luxo de poucos. Hoje, é tão normal que já nem causa mais a estranheza de antes. Os aparelhos odontológicos passaram a fazer parte de muitos sorrisos por aí a fora.

Os aparelhos odontológicos, comumente chamados apenas de “aparelhos”, são razoavelmente novos no Brasil. Não se tem uma data muito específica, mas foi por volta da década de 60 do século passado que eles começaram a aparecer na boca da boa classe média dos grandes centros urbanos.

Lágrimas de sangue

sexta-feira, 27 de maio de 2011

por Abrahão Andrade

"O quê? Aqueles filhos de chocadeira?", disse dona Sebastiana Teixeira sobre os ateus. Não faltam "elogios" como este para definir os descrentes em deus. É um rosário de espinhos condenatórios que beiram os contos de ficção ou terror. O país com múltiplas religiões, todas coexistindo de maneira mais ou menos pacífica, ainda não aprendeu a lidar com aquele que não tem nenhuma crença.

Conversei com alguns cristãos sobre as razões desse preconceito e é claro que nenhum deles assumiu claramente a antipatia pelos ateus, pois vivemos em tempos policamente corretos. Mas o estudante de direito Fábio Ciolli dá algumas dicas dessa fobia. "Acredito que a pessoa se torna cética por falta de um ambiente familiar adequado, a falta de instrução pode levar o homem ao negativismo... A família de hoje anda desestruturada, casais se separam, brigas frequentes. A criança se torna materialista sem perceber".

O negatisvismo mencionado por Fábio é um pensamento compartilhado pela maioria das pessoas que possuem fé, em relação aos desprovidos dela. Ao se tornar ateu, o indivíduo se torna emancipado e liberto de preceitos morais. Por causa da sua descrença, ele estaria autorizado a praticar todo tipo de crime, como matar e roubar, já que ele não terá que prestar contas. A hostilidade aos céticos não se limita apenas a desconfortos causados pela dificuldade em aceitar o “alguém sem deus”, mas promove exemplos reais na nossa convivência. “Já namorei uma evangélica, e não falávamos de religião para evitar brigas, mas quando seus pais souberam que eu queria distância da igreja, eu simplesmente fui proibido de frequentar a casa dela”, conta Rafael Torres, que já acostumou com o olhar das pessoas quando revela sua opção religiosa ("como se eu tivesse algum tipo de doença de pele").

Rafael Torres tem uma tatuagem no peito que diz: “I will always love my mom”(Eu sempre amarei minha mãe), nada mal pra alguém sem coração. A ignorância do senso comum é tamanha, que chegam a associar ateísmo ao satanismo. Para elas, o descrente não só negaria a deus, como colocaria um vermelho e chifrudo diabo em seu lugar. "Amo minha família, meu trabalho, meus amigos", defende-se Rafael Torres. "Tenho um prazer indiscritivel em me sentir vivo, e mesmo assim sou chamado de insensível.”

Sem vida espiritual
Por outro lado, ter Cristo é ter caráter. Mesmo com a enxurrada de casos de padres e pastores comentendo toda a estirpe de barbaridade, ainda é muito usual dizer-se “de deus”, como maneira de afirmar a bondade. Vejamos o caso do professor de biologia Carlos Ávlis, que ensina em um colégio da rede estadual que preferiu não dizer o nome. “Já tive dificuldade na hora de conseguir um emprego, pois numa entrevista me perguntaram o que guiava a minha vida espiritual. Eu simplesmente respondi que não tinha vida espiritual, por não crer em espírito. Convencer a direção de que eu era um profissional ético demorou algum tempo”.

Profissional ético sim, que não é apenas professor, mas lojista, gerente, carteiro.... taxista. “Certa vez, estava levando um casal de senhores, que me trataram muito bem até o homem perguntar alguém pode não acreditar em um deus", lembra o motorista Albino, que há três anos trabalha na praça. "'Você acredita em deus, não é?', insistiu o passageiro. Meio envergonhado, pois previa que ele não iria aceitar bem, eu disse que não." Foi o suficiente para que o até então simpático e falante casal fechasse a expressão do rosto e passasse o restante da viagem em silêncio.


Não se discute
E quando a descrença nasce em um berço cristão? Renato Hermosa, pernambucano de 16 anos, é filho de pastores! “Comecei a me interessar pelo assunto aos 14 anos. Ficava horas vendo alguns vídeos no youtube do cientista Richard Dawkins e artigos de filosofia. Eu me descobri ateu, mas ainda não tive coragem de assumir isso pro meu pai. Sei que isso o magoaria muito, pois é muito orgulhoso da nossa família e é exemplo pra igreja. Não sei se vou dizer a verdade ele um dia”. Hermosa se justifica. “Na minha criação, sempre ouvia histórias sobre como seria o inferno, e como as pessoas que não amam Deus sofrerão por isso. Meu pai nos advertia que o inferno é um lugar de sofrimento eterno, onde as pessoas chorarão lágrimas de sangue. Ele acredita nisso como algo real! Se eu disser que Cristo não representa mais na minha vida, vai ser o mesmo que carimbar meu passaporte pras lavas de fogo eterno”, conclui num tom de brincadeira.

Os entusiastas do entrosamento entre as pessoas “de Jesus” e os “desalmados” defendem que eles podem conviver sem guerra. Existe uma galera mais nova, mais aberta ao diálogo, que mantém amizades normais e sem grilos de crença. Geralmente, o ateu aceita melhor o religioso, pois terá de conviver com pessoas religiosas por toda a sua vida. É mais uma questão de sobrevivência social, mas que acaba resultando num exercício de tolerância verdadeira. Do lado dos “de Jesus”, a coisa é um pouco diferente, tendo alguma resistência especialmente dos evangélicos mais conservadores. Não é segredo, conservador é conservador. Mas há pessoas rabugentas de ambos os lados. O que os mais desencanados sugerem é que este assunto não seja frequente nas mesas de bar, e nos momentos de descontração em que muita gente tá envolvida. Fernando diz: “Tem gente que não quer discutir religião. Essa pessoa é sensível e ouvir alguém se pronunciar contra a sua fé, pode soar como um insulto pessoal”, acredita o aspirante a publicitário Fernando Potiguara, 19 anos, que é católico apostólico romano, usa dreads e alargadores, mantém sua fé, e também mantém seus amigos sem fé. “É tudo tranquilo! Saio à noite pra curtir, comparo meus amigos ateus aos vampiros, digo que eles não têm reflexo no espelho e que derretem com água benta. Eles respondem dizendo: 'o senhor é teu pastor, e você continua pastando.' A gente ri junto e logo mudamos de assunto. Conheço o caráter deles, e isso conta muito mais que uma bíblia embaixo do braço.”

Abecedário da Supervia

por Fernando Fonseca, Hosana Souza, Josias Sabino, Thayara Cristine e Vinicius Freitas

A – Atraso, amigos, aconchego, amendoim. “Sempre três por um real”.

B – Bilhete único, Belford Roxo, barulho, balanço. “Não entendo como as pessoas dormem com esse sacolejo todo!”

C – Coca-Cola, camelô, cansaço, Central do Brasil. “Ainda bem que fico na Central, do contrário me perderia todos os dias. O que eu reponho de sono no trem, não está no mapa”.

Faz tudo sem rumo

quinta-feira, 26 de maio de 2011

por Yasmin Thayná


"Nací en el centro de la ciudad." Com seu linguajar sofisticado, roupas e uma cabeleira inconfundível, Bruno Felipe Duarte da Silva tem 23 anos, é morador do centro do Rio de Janeiro, estudante do último período de cinema na PUC e orientador de cultura digital da Agência de Redes para a Juventude, um dos projetos sociais mais badalados da atualidade.

Ele fez um longo caminho até se definir pelo cinema. A caminhada começou com a descoberta pelo teatro quando tinha apenas dez anos, quando os irmãos estavam optando pela informática. "Eu escolhi o teatro", lembra ele, que foi tão feliz no palco que chegou a pensar que seria ator.

Treino para a vida

por Hosana Souza

Na manhã do último sábado ensolarado, ainda cedo, preguiçosamente me arrumei para o trabalho. Meu destino era um evento do Programa do Governo Federal “Brasil Alfabetizado”. Logo ao entrar no pátio da Escola Municipal Monteiro Lobato, me vejo recepcionada pelo Mickey e por uma animada banda a tocar O Barquinho, de Roberto Menescal. Sorri. A banda formada pelas crianças da escola com seu uniforme azul era conduzida por um maestro caprichosamente vestido com um terno. Em alguns minutos, descobri que o alegre personagem da Disney era, na verdade, um morador do bairro da Posse. E que não enxergava nada com aquela cabeça gigante de espuma que lhe tranasformava. “É insuportavelmente quente”, resmungou Adriano França, o Mickey, enquanto distribuía maçãs do amor para crianças com o olhar encantado.

Para entrar no pátio da escola é necessário atravessar um corredor, branco e largo, com alguns degraus. Eu o fiz na companhia de Dona Ione Vital, de 69 anos. “Eles não podem fazer escada sem corrimão, fica muito mais dificil”, disse ela enquanto a auxiliava na subida dos cinco degraus. Ao finalmente entrar no pátio e subir o olhar, fui tomada por uma explosão de cores, movimentos, aromas, sons. Crianças, adultos, idosos. Filas, apresentações, brincadeiras, politicos. Dezenas de coisas acontecendo em um pequeno espaço de tempo e lugar.

Turma alfabetizada

por Marina Zuqui

Mesmo com toda a movimentação do Brasil Alfabetizado, o jovem Douglas Dias dos Santos, 15 anos não passou despercebido. Cursando o 2º ano do ensino médio no Colégio Estadual Califórnia, ele participa do grupo “Capoeira Alternativa”, projeto ministrado por Bruno Vasconcelos e Paula Gisele, ambos professores de capoeira no Riachão. Douglas Dias não é um garoto qualquer. Sua história começa bem cedo, quando seus pais se separam e ele vai morar com a avó, pois sua mãe não trabalhava e seu pai não o ajudava. Algum tempo depois sua mãe conseguiu juntar um dinheiro e arrumou sua casa, mas não quis ir morar com ela, pois já estava apegado à avó, e sua mãe já tinha um parceiro com o qual teria sua irmã.

Como se escreve a palavra amor

quarta-feira, 25 de maio de 2011

por Amanda Granja

Doralice Pinheiro Coimbra, mais conhecida como dona Dora, está entre os idosos que frequentam o Brasil Alfabetizado. Ela tem 78 anos e há 3 anos descobriu que este programa do Governo Federal é uma experiência pedagógica e, claro, divertida.

Ela só tem elogios para seus professores. "Els são ótimas pessoas, pacientes e estão sempre prontos para ensinar", diz ela, que também aprende na convivência com eles.

Filas da esperança

terça-feira, 24 de maio de 2011

por Leandro Oliveira de Aguiar


Certas coisas na vida são verdades inexoráveis. Não importando a classe social, credo ou religião em uma fila sempre existirá mães gritando com seus filhos para que parem de fazer bagunça. Foi o que mais se via no evento que ocorreu pela manha do último sábado, quando a Secretaria de Educação de Nova Iguaçu promoveu uma ação social no Colégio Monteiro Lobato com diversas atrações e serviços públicos. Nas filas para aplicação de flúor, com suas respectivas mães, filhos e gritos contavam pequenas histórias que não passaram despercebidas.

Maria da ação

por Pedro Felipe Araújo

No dia 21 de maio de 2011, aconteceu no Colégio Estadual Monteiro Lobato, no centro de Nova Iguaçu, um evento idealizado pela secretaria de Educação para promover confraternização entre alunos e professores do programa Brasil Alfabetizado. Este projeto já letrou mais de vinte mil pessoas de todas as idades em Nova Iguaçu.

A festa foi aberta ao público e promoveu uma série de ações sociais, tais como retirada de documentos e cadastro em projetos como o Bolsa Família. Além disso, reuniu diversas personalidades iguaçuanas.

Objetivo alcançado

por Dine Estela


“Nunca devemos desistir dos nossos objetivos”, disse Wellington Almeida, um aluno do Instituto Evangélico de Austin de 16 anos que há seis anos não ia ao teatro. Esta é a realidade de muitos outros alunos entrevistados durante o espetáculo. Foi pensando neles que a Secretaria de Cultura e a de Educação se uniram para dar este presente antecipado às crianças da rede municipal. As apresentações são abertas ao público e vão até domingo, 29 de maio de 2011. Durante a semana, os espetáculos começam às 15h. Sábado e domingo, às 19h. O Espaço Cultural Sylvio Monteiro fica na Rua Getúlio Vargas, 51, Centro de Nova Iguaçu. Nesta terça, tem Chapeuzinho vermelho pede socorro. Classificação livre.

 A mostra é uma oportunidade para que as escolas teatrais recebam críticas e orientações de profissionais renomados da área. Após as apresentações, estes profissionais passam dicas que vão desde presença de palco à cenografia. Neste momento, a plateia também toma conhecimento da realidade de pesquisa de cada grupo que se apresenta.

Durante as oficinas, é possível entender as condições em que as peças selecionadas foram montadas. Algo para além do contexto histórico, e que na maioria das vezes é influenciada por questões econômicas e culturais. “O trabalho começou na escola Santa Mônica como uma atividade extracurricular não obrigatória e se mantém há seis anos”, conta Mauro Marques, diretor da peça O príncipe que tudo aprendeu nos livros. “Mesmo os alunos que já não estudam na escola permanecem no grupo com muita entusiasmo. Não temos financiamento institucional. Contamos somente com a ajuda dos pais dos alunos até para compor o figurino”, contou.

Segundo Mateus Fábio, que também é um dos organizadores do Encontrarte (Encontro de Artes Cênicas da Baixada), a ideia é preparar os grupos teatrais para participar com mais qualidade deste festival, que está com inscrições abertas até o dia 31 de maio de 2011. “Observamos ao longo dos últimos festivais a dificuldade dos grupos em se adequar ao edital de convocação para o Encontrarte e vimos nesta mostra a possibilidade destes grupos estarem recebendo orientações e dicas de profissionais renomados da área. Esta semana trouxemos uma das produtoras de Malhação da Rede Globo, produtores cênicos e professores de teatro”, disse. Também fazem parte da organização do projeto Claudina Oliveira, Éverton Mesquita, Mario Marcelo e Thiago Costa.

Serviço:
Mostra Colisão Teatral:
Local: Espaço Cultural Sylvio Monteiro
Rua Getúlio Vargas, 51, Centro de Nova Iguaçu
Horário: De segunda a sexta. 15h sábado e domingo, 19h.

24\05 - Terça -15h
Chapeuzinho vermelho pede socorro
Classificação: Livre



Uma menina que gosta muito de aventuras desobedece sua mãe e vai parar no meio da floresta. Lá acaba se deparando com um lobo muito mau e quando tenta fugir dele aparece uma fada madrinha, que, com um jeito bem atrapalhado, tenta mostrar à menina que não pode fazer uma mágica para ajudá-la, mas que a ajudará a encontrar uma solução para sair dessa situação. Mais adiante e já sem a fada madrinha, ela encontra os três porquinhos que já haviam fugido de uma outra floresta e desse mesmo lobo. Nesse momento, os quatro juntos tentam fugir do lobo, se escondem, constroem uma casa e aprontam muito até que chega a hora do grande final.


25\05 - Quarta - 15h
Sua imagem e semelhança
Classificação: 14 anos

"Tudo o que você vê é real. Está na Televisão. Uma hora você está fora dela. Tudo gira em torno da Televisão. Será? Onde está a realidade. Uma Família supostamente feliz vai se desfazendo aos poucos. Mas ainda resta uma esperança: A Televisão. Será?"



26\05 - Quinta - 15h
O fim da picada
Classificação: Livre

Uma vizinhança é atacada por um exército de mosquitos transmissores da dengue. O egoísmo e a discórdia entre os vizinhos acabam levando à contaminação de todos. Por fim, conscientizam-se de que a atuação das autoridades no combate à dengue só terá resultado com a ajuda da população.




27\05 - Sexta - 15h
Amargas horas
Classificação: 18 anos

Uma cartomante narra seu passado obscuro através das cartas do tarô às suas clientes, fazendo com que as mesmas descubram, a cada carta virada, a dor e as alegrias de uma ex-cafetina, de suas prostitutas, dos seus garotos de programa e, até mesmo, dos visitantes assídúos da MANSÃO. Quando os clientes da cartomante acham que descobriram tudo de sua vida, acabam descobrindo que tudo é uma mentira, e que nesse passado há um medo muito intenso e uma perda muito grande porque, afinal, até neste mundo boêmio e sujo, que é tão discriminado, também pode existir amor.


28\05 - Sabado - 19h
A noite que ele não veio
Classificação: 14 anos

Um corpo é encontrado numa aldeia de pescadores e descobrir as causas ou o responsável é uma questão de tempo. Presente, passado, futuro e imaginação se cruzam em várias histórias que surgem a partir do encontro desse morto. Ora aparentemente ilógicas ou em ordem cronológica, fendas temporais revelam os desejos mais íntimos das personagens.





29\05 - Domingo - 19h
A Dama da Noite
Classificação: 18 anos

Inspirado num conto de Caio Fernando de Abreu, é um espetáculo sobre desejos, amores, impulsos, relações e escolhas. Uma personagem solitária e suas escolhas de viver fora de uma sociedade hipócrita e preconceituosa, fiel consigo mesma e com seus sentimentos.


RAPortagem

por Combatentte Xavier

Nas encruzilhadas da vida cada um faz o seu caminho,
Rompendo o silêncio dos muros uma voz vem surgindo.
Bruno Tavares da Silva, 33 anos, profissão professor e rimador,
Encontrou na palavra a ferramenta do educador.
As ruas começaram a seduzi-lo desde a infância,
O skate quebrou o preconceito e a distância.
Quebrar paradigmas virou sua missão,
E o Rap é o bisturi que opera a transformação.
Aplicando a metodologia Paulo Freiriana,
O Complexo Penitenciário de Bangu se inflama.
A rebelião agora é superbem esquematizada,
Através de versos e rimas e não à mão armada.
Ao presenciar a perda de muitos amigos B.Makalé, para os conhecidos,
Fez da educação seu passaporte para o submundo dos presídios.
E da melhor forma possível sem cometer nenhum delito,
Graduado em letras orgulha-se por ter escolhido.
A única vaga de professor para os alunos mais temidos
Lecionar para inúmeros bandidos tornou-se um desafio e não um risco.
Entre cinquenta candidatos só ele aceitou o cargo,
E hoje colhe bons resultados de alunos esforçados.
Durante quatro dias da semana ele é recebido como um médico
Que leva o santo remédio à escola apelidada de refrigério.
Os alunos relatam que estão resgatando sua dignidade,
Finalmente a educação na vida deles vem trazendo liberdade.
Apenas vinte por cento dos detentos tem acesso à educação,
A cada dia que passa cresce o número de inscrição.
Passar algumas horas fora das celas representa um resgate
Amenizando e lutando contra o sofrimento do cárcere.
Esse é o papel de educadores como B. Makalé,
Ressocializar aqueles que a sociedade não quer.
A educação trouxe liberdade para dentro dos muros da angústia.
E a sociedade se preocupa apenas em saber quanto isso custa!
Explorar potencialidades por dentro das precariedades do sistema
É desenvolver motivação, autoestima e realização plena
Mesmo cumprindo prolongada pena, a ignorância é a pior sentença,
Por isso que temos uma população carcerária tão intensa.
Novos presídios são construídos e poucas escolas são sequer reformadas
Sabe o que mais um detento relata?
Que nas ruas a escola é mal aproveitada
Desmotiva porque não rompe com métodos arcaicos
Formando indivíduos totalmente inaptos
Fica difícil desenvolver bons hábitos.

Pessoas especiais

segunda-feira, 23 de maio de 2011

por Raize Souza


“Uma amiga minha fez uma promessa", disse Maria Pereira na ação social promovida pela Secretaria Municipal de Nova Iguaçu neste último sábado, na Escola Municipal Monteiro Lobato, no Centro. "Se aprendesse a escrever, ela ia a pé de Nova Iguaçu para Morro Aagudo". Ela aprendeu e foi. Maria Pereira e a amiga são alunas do Brasil Alfabetizado, um programa do MEC em parceria com as prefeituras cujo objetivo é erradicar o analfabetismo entre jovens (a partir dos 15 anos), adultos e idosos. A ação social estava comemorando a alfabetização de 20 mil alunos desde 2006.

Direito à beleza

domingo, 22 de maio de 2011

por Lucas Xavier

Neyde Maciel com os produtos usados na "Oficina da Beleza"
Em meio às dezenas de atividades propostas pela Ação Social do Brasil Alfabetizado que agitou as dependências da Escola Municipal Monteiro Lobato neste último sábado uma delas chamava a atenção pela peculiaridade.

Além da agitação dos grupos de capoeira e à música dos jovens do Afro-Reggae,  houve também um espaço reservado para a estética, onde mulheres atentas à beleza se reuniam numa pequena barraquinha para cuidar da pele.

A energia das micaretas

por Marcelle Abreu

Quem passou pela Escola Municipal Monteiro Lobato na manhã do último sábado pôde perceber uma grande movimentação. Quem teve a curiosidade de saber o que estava acontecendo aproveitou para tirar a identidade vencida há anos, ou até tirar a primeira via. Houve também quem conseguiu a carteira de trabalho que por falta de tempo era sempre deixada para depois. As crianças também se deram bem, pois o que não faltou foi entretenimento para eles. Teve pula-pula, Mickey distribuindo algodão-doce e maçã do amor, apresentações de capoeira e muito mais. Ou seja, programa para toda família. Depois de resolver a documentação, que tal verificar a pressão e a glicose? Sempre bom estar com saúde em dia e quando o assunto é beleza, não há mulher que resista e o Instituto Embelleze estava lá marcando presença e garantindo um dia especial a todas as presentes.

Sorria

por Jéssica de Oliveira


Eu me lembro da minha mãe com uma câmera fotográfica sempre em mãos quando eu era criança. Analógica, claro. Eram doze poses muito felizes; às vezes 24 ou 36 – cada uma delas extremamente valiosas – e eu sempre adorei posar para suas fotos e esperar ansiosíssima o dia em que ela chegaria com todas elas reveladas, dentro daquele envelope branco e amarelo da Kodak, fazendo mistério ao tirá-las de seu interior. Torcíamos juntas para que nenhuma estivesse queimada. Seria uma foto a menos, um porta-retratos na estante a menos.

Hoje as coisas não são bem assim. As mães ainda carregam seus filhos em uma mão e uma câmera em outra, mas não existe mais todo aquele sentimento pela caixinha preta com uma roldana no topo para fazer girar o filme. Aquela caixinha de suspense e surpresas. Isso mudou, mas, felizmente, parece que foi apenas isso. É incrível ver como as pessoas cada vez mais carregam viciadamente suas câmeras fotográficas pra cima e pra baixo.

A deconstrução da conselheira

sexta-feira, 20 de maio de 2011

por Dannis Heringer


“A eleição da Mayara Freire é uma consolidação do trabalho que estamos fazendo há três anos, todo ele feito no sentido de empoderar a juventude”, disse o escritor e jornalista Julio Ludemir, coordenador do projeto Jovem Repórter. Foi desse projeto que a jornalista e estilista Mayara Freire, uma moradora de Cabuçu de 23 anos, saiu para se tornar uma das cinco representantes da cultura no Conselho Municipal de Cultura de Nova Iguaçu.

A jornalista e estilista tem uma opinião semelhante à de seu ex-chefe. “Acho que minha eleição foi histórica”, afirma ela, que depois de se formar no ano passado está fazendo um curso técnico de computação gráfica. “Ver a juventude tendo voz me devolveu a minha crença na democracia”, diz ela, que nunca se viu como uma ativista cultural, mas sempre discutiu com seus amigos de geração, figuras obrigatórias nos eventos promovidos no Espaço de Cultura Sylvio Monteiro, principalmente as badaladas exibições do Cine-clube Buraco do Getúlio.

De volta ao trem

por Hosana Souza

22h15m – Central do Brasil. Composição com destino ao terminal Japeri. Trem parador, tempo estimado de viagem: uma hora e quarenta minutos.

“Vem que tem, vem que tem. Economia é com o gordo do trem”, grita com chocolates a um real e sorrisos gratuitos Pedro Bezerra. Engana-se profundamente quem supõe que o trem é um simples transporte público. A sagaz e exploradora Supervia avisou: “O Rio passa por aqui”. O trem, principalmente nos horários de rush, é simplesmente o maior pedaço de vida da cidade.

Primeiro vagão

“Esse é o vagão que não paga a conta de luz”, brinca a diarista Luciana Lima com o fato de que raramente as luzes desse vagão estão acesas. O que não é de modo algum um incômodo. Para os dorminhocos de plantão, o balanço do trem é melhor que qualquer música calma e um quarto de dormir. “O trem é um berço pra mim”, diz o jornalista Vinicius Tomas.

Afago tipo exportação

quinta-feira, 19 de maio de 2011

por Dannis Heringer e Larissa Leotério



O cenário musical da Baixada Fluminense não para mesmo de despertar o interesse dos mais diversos artistas do Rio de Janeiro. Exemplo disso é a banda carioca Tipo Uísque, que com apenas dois anos de existência conseguiu ter uma de suas faixas incluídas na trilha sonora da "Malhação". Mesmo com a publicidade trazida por meio do seriado teen, a banda não desvia o foco de se apresentar na Baixada Fluminense.

Apesar de não ter integrantes no local e nem muitos vínculos, eventos como a bienal "Espaço do Rock", que deverá acontecer em julho, chamam a atenção dos produtores e artistas cariocas. A banda, formada por Pin Böner, Aline Lessa, Larissa Conforto, Joana Cid, Gabriel Salazar e Gabriel Ventura, está negociando sua participação no "Espaço do Rock" com os produtores do evento.

Um sábado de confraternização

por Juliana Portella

No próximo sábado, 21 de maio, a partir das 9 horas, a Prefeitura de Nova Iguaçu, através da Coordenadoria de Projetos Especiais da Secretaria Municipal de Educação (SEMED), realizará grande Ação Social na Escola Municipal Monteiro Lobato.

Com objetivo de resgatar a cidadania dos mais de três mil alunos do Brasil Alfabetizado - programa de erradicação do analfabetismo que, em parceria com o Governo federal, é realizado no município desde 2006 -, o evento oferecerá diversos serviços gratuitos: emissão de documentos, cadastramento para beneficiários do programa Bolsa Família, verificação de pressão arterial, isenção para emissão de 2º via de documentos, assistência jurídica, inscrições para o curso do Sesi/Senai, aplicação de flúor e exame de glicemia.

Meio do caminho

por Saulo Martins


Estragar um filme que tinha todos os elementos pra ser uma obra-prima é muito fácil. A fórmula usada por Aluizio Abranches para, mesmo assim, fazer o filme ser uma grande bilheteria foi a escolha de um tema polêmico: o incesto. Mas, mesmo assim, com tanta história pra ser contada, ao assistir a "Do começo ao Fim" (2009), o primeiro pensamento que vem a cabeça é "90 minutos de nada".

O filme conta a história de Tomás e Francisco, dois irmãos que, desde a infância, já demonstravam sinais de uma intimidade exagerada. Na infância, as atuações não convencem. A relação fica pouco carismática e até desanimadora com os atores infantis. Em contrapartida, as atuações dos meninos, na fase adulta, são um dos poucos pontos positivos do filme. O casal mais velho tem uma empatia muito poderosa e, com certeza, se o roteiro desse a possibilidade, o filme se sustentaria nas atuações.

A poesia do padeiro

quarta-feira, 18 de maio de 2011

por Rodrigo Caetano


Conversei com Dinho Brito, um misto de cantor e escritor que está lançando seu primeiro livro através de uma rede chamada “Ag Book” (http://www.agbook.com.br/ ), um sistema de publicação de livros sob demanda que está fazendo a diferença para diversos autores anônimos.

Dinho está com 30 anos, trabalha numa empresa de controle de pestes urbanas, já estudou educação física e canta em algumas bandas de rock. Quando serviu o exército, Dinho fraturou a perna e teve que ocupar um cargo que lhe deu um enorme prazer: o de telefonista. Cuidava de toda a parte de comunicação do exército. “Foi uma grande experiência, tínhamos uma rádio lá, onde eu era o apresentador, o sonoplasta, o diretor, o redator. Sinto saudades do exército e de trabalhar como locutor”, conta Dinho. Mas essa não foi sua primeira experiência com o microfone.

O paradoxo do frio

por Fernando Fonseca

Imagem: internet

Rio de Janeiro. Nova Iguaçu. Meados do mês de maio. 2011. Essa observação não possui determinações geográficas específicas sobre o local citado acima. Simplesmente acontece, inevitavelmente, em todos os lugares dessa complexa cidade das Terras Baixas. O frio.

Com a poesia da música desenho meu lugar. Sim, eu moro num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza. De certa forma, a beleza se perde, em partes, ao atravessar um túnel e a bênção de Deus só existe pros que crêem. A variação. A única coisa, porém, que parece não variar, é a certeza de que moramos em um país tropical. Sol, praia, sol carnaval, sol, calor, sol, festa, sol, Lapa, sol, cerveja, sol, chuva, sol. Rio quarenta graus, um paradigma difícil de ser quebrado. Mas, assim como fevereiro não dura para sempre, o verão uma hora também acaba. E com ele o sol.

Superamigos

por Pedro Felipe Araújo

Eles estão por aí todos os dias, salvando vidas e indo ao encontro daqueles que precisam de sua ajuda. Super-heróis do cotidiano, eles são os socorristas do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

Sempre que alguém precisa de cuidados médicos sabe que contará com uma equipe médica competente se acionar o 192 do celular. Mas quem são esses homens e mulheres por baixo dos macacões, que dedicam suas vidas ao próximo? “Estar dentro de qualquer grupo que se dispõe a ajudar aqueles que precisam, por si só, já é muito gratificante”, diz a técnica em enfermagem Fabiana Pacheco, uma mineira de 28 anos que mora em Miguel Couto.

Pirata original

por Jéssica de Oliveira


Quantas locadoras de filmes há no seu bairro? Aposto que não muitas em relação há dez anos, quando os DVDs ainda não eram tão populares como hoje. Era um superprograma de fim de tarde ir até um desses estabelecimentos e ficar horas passeando nostálgico pelos corredores repletos de filmes, comentando com os amigos o quanto gosta dessa ou daquela obra. Mas hoje isso acabou. O máximo que acontece é passear pela sessão de uma loja ou pela banca de um camelô no Calçadão de Nova Iguaçu, onde se compram quatro DVDs por dez reais.

Entretanto, apesar desse quadro de completa falência, ainda existe gente que acredita no poder das locadoras de filmes e ousa abrir uma. Rodrigo Francisco de Assis Barbara tem 25 anos e há um resolveu alugar filmes em sua casa para ajudar no orçamento mensal. “Costumava alugar filmes numa locadora sobrevivente de outro bairro e copiava quando chegava em casa”.

Grego carinhoso

por Raize Souza


Estamos na semana pós-dia das mães. Mas você já parou para se questionar se sua mãe realmente gostou do presente? Sim sei, mãe gosta de tudo que damos a ela, contanto que seja com carinho. Porém, nos últimos segundos domingos de maio, essa história vem mudando, pelo menos na parte do TUDO.

As mães da Baixada estão ficando mais modernas e querendo cada vez menos utensílios domésticos de presente. “Não gosto de ganhar nada para casa, coisas para casa eu compro todo dia”, revela Talita Barros, que ficou feliz em ganhar blusa, bermuda e perfume dos dois filhos.

Feijão e cabelo

por Dine Estela

A instantaneidade e a qualidade do áudio não são as únicas novidades. Com o advento da era digital, o ouvinte pode ver, ouvir e ler as informações sobre a música que está sendo executada em tempo real sem as interferências do sistema analógico do AM e FM, além de obter informações personalizadas sobre trânsito e meteorologia. A qualidade do áudio se equipara ao melhor som de CD, atendendo aos ouvintes mais exigentes da música clássica. O rádio digital também permitirá a transmissão de vários programas para públicos distintos pelo sistema broadcasting.

O Rádio Digital de que estamos falando nada mais é do que a digitalização das ondas hertzianas para a internet1, mas seu impacto sobre a radiodifusão, principalmente a comunitária, é no mínimo reanimadora, posto que retira estas rádios dos limites da lei que restringe as transmissões do raio de 1km para o mundo. Hoje já se pode ouvir uma rádio comunitária até de outro país com qualidade de áudio através da internet. Ainda há localidades que o sinal de FM chega tão ruim que somente através da internet é possível ouvir a programação de algumas rádios que já se digitalizaram, tanto comerciais como comunitárias, vide o caso da rádio comunitária Novos Rumos FM, Band, CBN entre outras.

Mercadinho de filmes

sábado, 14 de maio de 2011

por Juliana Portella



Não há nada melhor que poder assistir àquele filminho no sofá de casa. Ir até uma tradicional vídeolocadora, ficar horas por aqueles corredores sortidos escolhendo qual filme levar. Olhando capas e lendo sinopse. As facilidades de acesso a filmes pela internet ou com o camelô da esquina ainda não substituíram a sensação de estar em uma locadora.

Porém, de alguns anos para cá, muitas locadoras estão fechando suas portas. Cada vez mais escassas , podem ser consideradas um hábitat em extinção. Os motivos são muitos. A facilidade de se baixar filmes pela internet, aumento de usuários de TV a cabo e concorrência com o comércio alternativo (camelô) são as principais causas.

Democratização da cultura

sexta-feira, 13 de maio de 2011

por Rodrigo Caetano

Todos nós conhecemos diversas manifestações que visam apoiar o desenvolvimento sociocultural em todo o estado do Rio de Janeiro. No dia 30 de abril (Dia da Baixada), pude ver isso no Complexo da Maré, mais precisamente na Vila do João, onde aconteceu a 1ª Mostra de Artes das Favelas na ONG Ação Comunitária do Brasil, uma produção da Becos & Vielas produções patrocinada pela Funarte.

Conversei com alguns produtores da mostra, e eles disseram que o trabalho começou no mapeamento de artistas que fossem da periferia ou tivessem sua obra ligada a ela. Na programação da mostra tivemos cinema, música, artes plásticas e também um desfile de moda.

Encontro marcado

por Amanda Granja

O anel é uma forma de elo entre o casal, uma junção dos dois em um só. Uma joia de valor, ao menos sentimental. Compromisso é um acordo, obrigação, promessa mais ou menos solene; é dívida que se deve solver em determindado dia; encontro marcado.

Antes disso, os compromissos eram dividos da seguintes forma: os jovens se casavam cedo, eram quase obrigados a se apaixonar pela primeira pessoa que conheciam. Fora os que os pais já haviam prometido a mão a quem nem conheciam.

Espírito da coisa

por Saulo Martins

Em 2 de abril de 2010, Chico Xavier completaria 100 anos. Não por acaso, no mesmo ano foram lançados três longas-metragens envolvendo seu nome e sua história: "Chico Xavier - O Filme", inspirado em sua biografia, dirigido por Daniel Filho; "Nosso Lar", inspirado na sua obra psicografada mais famosa (que leva o mesmo nome), dirigido por Wagner de Assis; e "As cartas psicografadas por Chico Xavier", documentário sobre o seu trabalho mediúnico contado por pessoas que foram atendidas por ele, dirigido por Cristiana Grumbach. Ainda nessa linha, no começo de 2011 aconteceu a estreia de "As mães de Chico Xavier", que retrata a história real de três mães que tiveram cartas psicografadas por Chico. Dirigido por Glauber Filho (que já havia explorado o universo espírita em seu filme de estréia "Bezerra de Menezes - O Diário de um Espírito - 2008") e por Helder Gomes.

Paixão diferente

quarta-feira, 11 de maio de 2011

por Lucas Xavier

Cada um torce de um jeito.

Existem aqueles mais reservados, que mantêm a comemoração, a explosão do resultado dentro de si. São os mesmos que também não externam as dores da derrota.

Existem os nervosos, os emocionais. Não conseguem reprimir o grito de ‘gol’ na garganta. Não conseguem reprimir, também, um palavrão que não merece estar em um texto jornalístico, muitas vezes direcionado à mãe do árbitro.

E existem os botafoguenses.

Os caras de pau

terça-feira, 10 de maio de 2011

por Marcelle Abreu



Por que não ajudar as pessoas sem que uma tragédia tenha acontecido? Por que não ajudar sem saber a quem? Já parou pra pensar nisso? As pessoas em sua maioria só saem de casa para fazer algo em prol do outrem quando esse é seu parente, conhecido ou se a causa estiver na mídia. Será que ajudam por serem bons ou por passar a imagem de que o são?

Precisamos repensar nossos propósitos nessa vida. “O que somos? O que levamos daqui? Será que estamos vivendo da maneira correta? Será que estamos fazendo nosso papel? Com meu pai internado no hospital eu pude perceber muita coisa que antes não era claro pra mim”, conta Félix Milesi, 27 anos e estudante de comunicação social.

Extravagância elegante

por Yasmin Thayná




Quem vê Osmar Machado na rua tem a consciência de que este estudante do terceiro ano do ensino médio não saiu de casa com a intenção de ser mais um invisível na sociedade. Com uma bota, short, um lenço, um par de óculos coloridos, Junior desfila pelas ruas do bairro periférico que mora em Nova Iguaçu sem medo dos comentários. "Eu sofro muita discriminação por ser eu mesmo", diz ele, que é mais conhecido como Júnior por causa do pai ex-militar.

Shopping de metal

por Hosana Souza

A maioria das pessoas, quando perguntadas sobre grandes centros de consumo, automaticamente pensariam em um Shopping Center. A primeira imagem, porém, que me vem à cabeça é de um elemento com apenas quatro letras: o trem. As velha composições de metal que cortam o estado do Rio de Janeiro, com seus barulhos, histórias e aromas. Um mercado de pessoas e vida.

Os camelôs são praticamente a alma do trem. Sem eles e seus objetos de extrema importância cotidiana, as viagens de no mínimo uma hora provavelmente não teriam a menor graça. No trem, você pode comprar desde um belo lanche – doces, biscoitos, pipoca, amendoins, bebidas e picolé -, até utensílios domésticos como descascador de abacaxi, guarda-chuva, cadeira de praia, revista, controle remoto, carteira, bolsa, caderno, caneta e manual para concursos públicos. “Tudo isso e muito mais é aqui na minha mão, senhoras e senhores. O passatempo da sua viagem!”, grita um deles, enquanto some na multidão.

“São inúmeras as coisas que a gente encontra no trem e que não podemos deixar de comprar”, diz a técnica de laboratório Elza Beatriz. “Tem muita coisa boba, tipo caneta. Em dez minutos, ela para de funcionar, mas tem muita coisa útil também. Eu tenho, por exemplo, um descascador de batatas que é uma maravilha que comprei no trem”, completa Marli dos Santos, uma das muitas amigas que Elza fez em viagens da Central até Japeri, cortando a Baixada Fluminense e outras regiões.

O mercado dos trens cariocas atrai não só olhares curiosos como também empreendedores. Luciano Matos, um paulista de 34 anos, se orgulha de ter abandonado a terra da garoa para viver como camelô nos trens do Rio. “Estou aqui já há 16 anos. Minha renda é muito boa, mas não é só por isso que eu continuo aqui. Amo meu trabalho”, diz ele que com o dinheiro que produz no trem já constituiu família em Bonsucesso.

Melhor que a Polishop 
Luciano é conhecido nos trens por ser o vendedor com microfone. “Eu o conheci vendendo um aparelho de tirar suco de laranja sem precisar descascar a fruta. Eu nunca vou usar aquilo, provavelmente já perdi dentro da minha mochila, mas a apresentação dele é tão legal que me convenceu. Melhor que a Polishop”, brinca o estudante de Química da UFRRJ Eduardo Veroneses.

“Eu só trabalho com produtos de utilidade doméstica. O que faz as vendas crescerem é a apresentação. Não me visto de qualquer jeito, brinco e tiro suco na hora. Ensino as pessoas a usarem. Se você reparar bem é um pedaço de plástico, mas a minha apresentação faz com que isso tenha valor”, explica Luciano, que fabrica seus produtos em parceria com um amigo de São Paulo, “Eu não trabalho com porcaria! Vejo o que mais vai vender, converso com ele, monto a apresentação e posso garantir que meus produtos duram mais de dois anos”.

O microfone sem fio que utiliza foi comprado apenas por causa de um problema na garganta. Contudo, o retorno foi tão positivo que se tornou estratégia de marketing e marca registrada. “As pessoas me reconhecem pelo microfone. Hoje forneço meus produtos para mais oito camelôs”, conta ele enquanto atende o telefonema de um companheiro, que o avisava sobre a marcação que os seguranças da SuperVia – empresa responsável pela administração dos trens do Rio de Janeiro - estavam fazendo em Deodoro.

Luciano se preparava para cursar a faculdade de nutrição em sua terra natal, quando foi surpreendido por um problema na visão. “Eu quase fiquei cego. Tive de fazer transplante nas duas córneas. Hoje enxergo mais ou menos”, relembra. Por causa da cirurgia e de seu tempo de recuperação longo, acabou perdendo seu emprego de estoquista. “Meu irmão comentou que vender coisas no trem dava certa grana e não exigia tanto esforço. Eu fui”, conta ele, que começou nos metrôs de São Paulo, mas ao saber da fama dos trens do Rio embarcou em um ônibus sem medo para tentar a sorte.

Boa vontade
Engana-se quem pensa que trabalhar de camelô é fácil. Além de passar o dia todo caminhando entre um vagão e outro, esses homens e mulheres têm de aprender a dar atenção a seus consumidores e mais ainda, estar sempre atentos aos guardas das estações da Supervia, caso não queiram perder a mercadoria. “É ilegal, nós sabemos. Mas acredito que a Supervia podia nos cadastrar. Quem trabalha direito pagaria até taxa, numa boa. Até porque eles aceitam o pessoal da Vivo, da Nestlé. Tinha que incorporar, com ordem, todo mundo. O que falta é boa vontade”, explica o camelô Roberto Silva.

A organização dos camelôs é verdadeiramente surpreendente e de um cálculo matemático que vai além da compreensão de quem não pertence àquele mundo. Sem papel ou caneta, eles se mantêm organizados, desde os horários até as linhas de trem que irão passar. Evitando, assim, um acúmulo de pessoal ou produto em uma linha ou horário. “Normalmente a gente reveza os horários durante a semana e troca de linha a cada mês. Hoje estou no trem das dez na linha Japeri. Daqui a duas semanas estarei à tarde na linha de Belford Roxo”, explica Luciano.

No grande Shopping de Metal, você pode encontrar de tudo um pouco. O maior transporte público do Rio de Janeiro tem mais que a função de levar e trazer pessoas; carregam vidas, grandes histórias, talentos. Como brincaria o camelô: “Refrigerante quente é na mão do concorrente!” Embarque no Japeri mais próximo e se permita viver.

Amargo regresso

sexta-feira, 6 de maio de 2011

por Leandro Oliveira de Aguiar


Pegue os jovens fascinados pela micareta, somados ao funk desbocado e isso multiplicado pelas músicas eletrônicas. Tudo isso elevado à enésima potência pelas “ficadas” sem compromisso. Pela lógica, a nova geração seria de longe a que mais torceria o nariz para a tal caretice chamada casamento. Todavia, segundo os dados do IBGE, o número de matrimônios aumentou, principalmente entre os jovens.

Entre as mulheres, a união acontece em sua maior parte no grupo de 20 a 24 anos (29,7‰) e entre os homens se concentra na faixa etária dos 25 a 29 anos (28,4‰).O que mais surpreende nessas informações é que está profundamente enraizada nos jovens a ideia do casamento interligado a uma espécie de “game over“ para a felicidade.

A reinvenção da escola

por Joaquim Tavares Júnior

Em Portugal, mais precisamente em Vila das Aves, a cerca de 30 km da cidade do Porto, localiza-se uma curiosa escola: a Escola da Ponte. Para quem nunca ouviu falar, vale um pequeno resumo de sua história. A Escola da Ponte é uma escola pública que sempre recebeu alunos muito “problemáticos”. Com resultados desastrosos, José Pacheco, o diretor, resolve repensá-la e em 1976 inicia-se o processo de autonomia curricular que é a marca da escola (ela é a única no mundo que alcançou este marco). A partir daí, mudanças ditas como impossíveis aconteceram e uma série de fatores levou a Escola da Ponte a se tornar referência, incluindo os resultados alcançados por seus alunos, que estão entre os melhores do país.

Bixos escrotos

quinta-feira, 5 de maio de 2011

por Raize Souza


Bixoooo! Não se assuste, nem estranhe, caso escute alguém chamando um calouro das universidades públicas do Rio de Janeiro pelo apelido bixo. Na UFRRJ, esse apelido tem uma dimensão maior, pois, além do tradicional bixo, há a “hierarquia dos bixos”.

No primeiro período, os calouros são chamados de bixos, bixetes ou bixões. No segundo período, eles ganham o status de bixo | e, no terceiro, de bixo ||. Só a partir do quarto período que os bixos se tornam veteranos na maioria dos cursos. A exceção fica por conta daqueles cursos mais longos, como o de medicina, que tem seis anos.

Livraria virtual

por Joyce Pessanha


Já quis muito ler um clássico, mas não tinha grana? Já precisou de um livro para a matéria da faculdade ou escola e estava dura? Já quis ter o que conversar lendo aquele livro que todo mundo está lendo e a mesada tinha acabado? Seus problemas a-ca-ba-ram! Como? Siga as dicas dos jovens que conseguiram uma maneira “BBB” (bom, bacana e barato!) de ler livros, com tudo igualzinho aos de papel, baixando os mesmos que sairiam por uns R$50 totalmente de graça, graças à internet!

O estudante de Belas Artes Geraldo Moreira, 24 anos, tem que ler muita coisa e ser “artista em nosso convívio” (Cazuza). “Eu baixo livros no 4shared ou em links que os próprios professores indicam. Nunca é em um lugar fixo, pois tem vários sites que disponibilizam esses livros pra download gratuitamente.” Morador de Cabuçu, o estudante também recorre à grande rede quando está com dificuldade para localizar a obra na qual tem interesse. “Também rola a questão da disponibilidade, às vezes você precisa ler um livro de uma semana para outra e se for comprar, pois geralmente só estão disponíveis na internet, demorará muito para chegar e não dará tempo para ler”, conta ele, cujo último livro que baixou foi “Genet, uma biografia”, de Edmund White.

Marcas da Tentação

quarta-feira, 4 de maio de 2011

por Dandara Guerra

A prática de marcar o corpo chega a ser algo tão antigo quanto a própria humanidade. Foram vários os povos que cultivaram esta forma de expressão. Parece até mentira, porém, há indícios de que múmias egípcias do sexo feminino escondem tatuagens, que remontam a 2160 a. C, que cultuam a fertilidade. Com o passar dos anos, esta prática se alastrou por todos os continentes, com diferentes finalidades, que vão de rituais a identificação de grupos socias.

Atualmente cada país há um comportamento diferenciado para lidar com tatuagem. No caso do Brasil, a maneira mais fácil, para simplificar, seria a moda, com utilização de cores vibrantes em uma infinidade de estilos: sexy, marcante, agressiva, forte, com ar de rebeldia…

O peitinho do bixo

terça-feira, 3 de maio de 2011

por Jéssica de Oliveira

A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro passou a ter cursos noturnos há pouquíssimo tempo, desde 2010. Cursos de humanas, mais precisamente, dando um “ar urbano” ao campus cercado de estacas de madeira rústica e arames farpados, dona de um grande campo verde e vizinha de bois e vacas.

Durante o dia, desconheço o que acontece. Só sei discorrer o que rola quando o sol se põe e as luzes começam a se acender. Mas antes de falarmos sobre isso, vamos bandejar?

Baixada sem ócio

por Raize Souza


“Eu sou movido pela capoeira, eu sou movido pelo berimbau” - é um trecho de uma das músicas cantadas na roda de capoeira do grupo Associação de Capoeira Engenho, que se apresentou no Sesc de Nova Iguaçu no última dia 30, dia da Baixada.

O evento foi coordenado pelo contramestre Chumbinho, que pratica capoeira desde 1994 e que ganhou esse apelido porque quando começou era uma criança pequena e magrinha. O contramestre não deixou que nenhuma das crianças presentes ficasse acuada. "Jogar capoeira é importante porque dá ritmo, equilíbrio, disciplina, respeito às diferenças e tira a criança do ócio", diz Chumbinho.

Caio Ramos já assimilou a importância da capoeira em mente. ”Gosto muito, aprendo muitas coisas e tira a gente da rua”, diz o menino, que sente adrenalina e felicidade quando pratica capoeira.

Felicidade também foi um sentimento expressado pela aluna Graziela Fernandez, de apenas quatro anos. Sua mãe, Gilza Silvino, fala do entusiasmo da filha pela capoeira. "Em casa, ela forra o colchonete e fica fazendo cambalhotas, treinando passos e ansiosa para a próxima aula", conta Silvino. Graziela faz capoeira há quatro meses.

Várias pessoas que passavam se rendiam ao ritmo e arriscavam alguns passos. A maioria, no entanto, ficava apenas olhando este esporte que mistura dança, luta, jogo, música e que acima de tudo é patrimônio cultural brasileiro.

Paixão de Comendador Soares

por Hosana Sousa

Todo brasileiro adora um bom feriado, não podemos negar. As datas são extremamente aguardadas e, em geral, funcionam como uma folga, uma válvula de escape para o estresse do dia-a-dia. O último Feriadão de Páscoa – de 21 a 24 de abril deste ano – foi um dos mais movimentados de todos os tempos. As estradas, comumente já lotadas desde a quarta-feira, já sinalizavam isso.

Falando sério sobre a Baixada

por Juliana Portella

O conhecido projeto entre estudantes normalistas da Cidade de Nova Iguaçu, o Fala Sério!, que é realizado toda quinta-feira no Sesc, sempre em dois horários, das 9h às 12h e das 14h às 17h, teve uma edição especial em comemoração ao aniversário da Baixada, celebrado dia 30 de abril. O que era pra ser uma exibição de filme acompanhada de debate foi um voo histórico com direito a debate de agitadores culturais e historiadores locais, sobre a contemporaneidade da região e suas potencialidades.

 
 
 
 
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