Caçadores de perereca

sexta-feira, 4 de março de 2011

por Dandara Guerra

Em um baú escondido, guardava lembranças, sem as quais jamais poderei viver porque fui fruto deste passado. Vejo pessoas de vários jeitos, vestidas de várias formas. Parecem cantar algo, ou representar sonhos. Não sei, pois são apenas fotografias, não emitem sons. “Pai, quem são essas pessoas e onde é esse lugar?”, perguntei ao músico Daniel Guerra, hoje mais conhecido e reconhecido como o vocalista da banda de forró Pimenta do Reino, mas que se tornou uma das pessoas mais populares da Baixada quando abriu o Daniel's Bar na Praça Santos Dumont 85, no Centro de Nova Iguaçu.

Tive a sensação de que o coração daquele homem de quase dois metros de altura começou a bater mais rápido, com uma mistura de angústia e saudade de um tempo que não volta mais. “Filha, esse lugar era o Daniel’s Bar, que pertencia a mim e a sua mãe. Essas pessoas são os amigos do seu pai”, conta ele. O que tinha naquele bar para deixá-lo tão emocionado e permanecer tão vivo na memória das pessoas que o  frequentaram na década de 1990? "Esse bar movimentava a cultura da Baixada naquela época", acrescentou ele com sua voz sempre calma, seus gestos largos.


Essência do carnaval de rua

por Felipe Branco

Carnaval é época de engarrafar a Rio-Manilha rumo à Região dos Lagos ou de seguir a moda, indo curtir  os badalados blocos de rua no Centro do Rio. Mas e quem fica na Baixada? E quem não tem grana para bancar um engarrafamento para Arraial, Cabo Frio ou Rio das Ostras, nem tem disposição de se aventurar nos blocos cariocas?

O morador “classe média” da Baixada tem um certo complexo de vira-lata, que cisma de achar que o dos outros é melhor. Chega fevereiro ou março, como neste ano, o cidadão médio começa a se agitar para sair do seu ambiente, tentando ser feliz nas praias das cidades além dos pedágios, ou tenta ser descolado e carioca curtindo o Cordão do Bola Preta ou o Suvaco de Cristo, sem muita opção para mijar.

 
 
 
 
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